Programação artística do XVI Encontro Mestres do Mundo encantou o público com momentos únicos

15 de novembro de 2025 - 15:00

Mestres e mestras da cultura protagonizaram uma série de atividades gratuitas como shows, cortejo, oficinas, terreiradas e rodas de saberes

Terreirada uniu diferentes Mestres e Mestras da Cultura do Ceará Foto: Lucas Calisto

Entre mestres e mestras, grupos e coletividades, o Ceará possui 103 Tesouros Vivos da Cultura em atividade. Este número abrange 12 macrorregiões do estado, passando por tradições que vão do reisado ao artesanato em cerâmica, da luthieria à capoeira. São legados que deixam um impacto, encantam as novas gerações e plantam a semente para manter vivos os saberes e fazeres de nossa gente.

O XVI Encontro Mestres do Mundo nos convida aos terreiros, onde nutrimos e reencontramos as práticas ancestrais, a partir dos saberes e fazeres dos mestres e mestras que salvaguardam a sabedoria das manifestações das culturas tradicionais populares, de seus territórios e sua produção.

O Encontro constitui valioso referencial da cultura cearense. É voltado para o reconhecimento dos saberes e fazeres dos mestres e mestras da cultura tradicional e popular. Reforça a importância do diálogo entre tradição e contemporaneidade, promovendo uma experiência plural e inclusiva.

Prepara que lá vem o Cortejo

O Cortejo de Abertura foi protagonizado por Tesouros Vivos e 10 grupos de tradição do Cariri. Dentre as muitas atividades e trocas de saberes que marcam a programação, o cortejo é um dos momentos mais esperados por quem vive e respira o Encontro Mestres do Mundo.

A concentração de brincantes teve início por volta das 17h, na escadaria do Seminário Diocesano São José. Daquele lugar repleto de história, partiu o cortejo com destino até o Centro Cultural do Cariri. A comunhão de cores, sons e personagens fez vibrar as ruas do Crato, culminando em uma festa que nos avisa de toda a força e diversidade da cultura cearense.

Bacamarteiros da Paz no Cortejo de Abertura Foto: João Neto

Participaram a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, Caretas da Serragem de Assaré, Mestre Nena com os Bacamarteiros da Paz (Juazeiro do Norte), Mestre Cícero Ribeiro e a Banda Cabaçal São José (Missão Velha), Mestre Antônio Luiz e o Reisado de Caretas (Potengi), Mestra Flatenara e o Reisado Mirim Santo Expedito (Juazeiro do Norte), Mestre Valdir e o Reisado Arcanjo Gabriel (Juazeiro do Norte), Mestre Bosco e o Reisado Beata Maria de Araújo (Juazeiro do Norte), Mestre Chico Ceará e Maracatu Nação Tupinambá (Barbalha), Mestre Manoel Leandro e Urucungo de Artes.

Aprendendo com os Tesouros Vivos

Unindo público e a diversidade das expressões tradicionais, as oficinas protagonizadas por Mestres e Mestras marcaram presença na 16ª edição do Encontro. 105 vagas foram disponibilizadas para o público. As formações aconteceram nos dias 6 e 7 de dezembro e focaram as práticas que fortalecem as linguagens culturais e a transmissão dos saberes e fazeres.

Importante pólo de formação musical mantido pelo Governo do Ceará, a Vila da Música Monsenhor Ágio Augusto Moreira recebeu a oficina “Ritmos Afro – capixabas/Congo e Percussão Orgânica”. A atividade, realizada pelo estudioso do Congo Capixaba e da cultura afro-brasileira, Fábio Carvalho, marcou o início do ciclo de oficinas deste ano.

A ação aconteceu no Auditório Izaíra Silvino, que integra o equipamento cultural da Secult Ceará, gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar. O momento ainda contou com
exibição do filme “O Congueiro do Santo Preto”. Ainda na sexta-feira (6), as oficinas prosseguiram no Centro Cultural Cariri e espaço Carrapato Cultural.

Às 14h, na Sala de Formação do Centro Cultural, iniciou-se a oficina “Pifes de Mestre Miguel”, comandada por José dos Santos Rocha (filho de Mestre Miguel). Oportunidade única de presenciar e sentir toda a criação do instrumento referência no Nordeste. As atividades continuaram no Carrapato Cultural, por meio da oficina “Maracatu Az Ouro de Mestre Juca do Balaio – Batuque, dança e gestualidade”, com o Mestre Marcos (filho de Mestre Juca).

No sábado (7), o CCCariri sediou duas oficinas no horário da tarde. A primeira foi “Congos de Milagres – Viva Mestre Doca”, com José Fernandes da Costa Neto (Sobrinho de Mestre Doca). Concluindo a lista de atrações formativas, o Cacique João Venâncio liderou a oficina “Torém e Cultura Indígena”.

Mestres e mestras no palco

Os shows protagonizados por mestres e mestras também são o diferencial na programação do Encontro. Uma farta lista de manifestações de nossa cultura popular tomaram palcos do CCCariri e convidaram plateia e visitantes para uma viagem sem igual.

Teve Dança do Coco, Reisado, Aboios, Chorinho, Reisado. Uma bagagem musical e sensorial que emocionou diferentes gerações presentes no Encontro. A festa começou na quinta-feira (5), com o Grupo Boi Estrela (Sobral) e o Mestre Chico Emília (Quixadá).

Na sexta-feira (6) ouvimos o Trio Flor de Pequi com os Irmãos Aniceto (Crato) e as apresentações da Dança do Coco das Batateiras, com Mestra Edite (Crato) e Dança do Coco de Lagoa, com Mestre Moisés (Trairi).

No sábado (7), Luizinho Calixto e Mestre Macaúba do Bandolim protagonizaram o emocionante “Show Chorinho!”. O repertório abraçou do clássico ao autoral e levou o público para o Bosque do CCCariri. Estes grandes nomes da música brasileira celebraram o gênero musical reconhecido como patrimônio cultural e imaterial do Brasil em 2024.

Em seguida, foi momento de escuta atenta ao Aboio de Mestra Dina (Canindé) e apresentação de Mestre Pedro Coelho (Acopiara). A noite seguiu com o Drama de Chegada com Mestra Ana (Tianguá) e apresentação do Cavalo Marinho Raiz do Mestre Zequinha (Bayeux/PB).

Vivendo as Rodas de Saberes

Do som das cantorias, às brincadeiras do corpo. Da contação de histórias ao semear sagrado das mãos. Um universo de tradições se fez partilha nas Rodas de Saberes do XVI Encontro Mestres do Mundo.

Abertas ao público e organizadas pelos temas “Corpo”, “Mãos”, “Sons”, “Oralidade”, “Semente” e “Sagrado”, as Rodas aconteceram nos dias 6 e 7 de dezembro. Em cada espaço ocupado no Centro Cultural Cariri foi gerado uma troca de aprendizados com mestres e mestras da cultura, de acordo com seus saberes, manifestações e ofícios.