A ‘cada um real investido, setor Audiovisual do Ceará retorna três vezes mais para economia’, aponta estudo inédito da Fipe

30 de setembro de 2025 - 14:50

Antonio Laudenir - Texto
Luiz Alves e Lucas Calisto - Fotos

Encomendado pela Secult Ceará, pesquisa detalha os impactos dessa produção na geração de empregos, desenvolvimento e geração de riqueza no estado

Exibição do curta-metragem “Ponto Cego” (do Programa Directors’ Factory Ceará Brasil) no 35º Cine Ceará  Foto: Luiz Alves 

A cultura Audiovisual cearense vive um momento especial em 100 anos de história. Produções assinadas por nossos talentos circulam pelo mundo. Esta rica e potente indústria abrange a produção de filmes, séries, games, TV aberta, publicidade, serviços de streaming e muito mais.

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O audiovisual preserva a memória, imortaliza e divulga nossas histórias. Contribui à construção da identidade cearense e fortalece a cidadania cultural. Além da riqueza simbólica, para cada R$1 real investido, o setor Audiovisual cearense retorna R$3,10 à economia.

É o que aponta o estudo “Pesquisa de impacto socioeconômico do setor audiovisual do Estado do Ceará”. Resultado dos investimentos do Governo do Ceará em audiovisual, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), a pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) objetiva entender o impacto desta área na geração de riqueza e desenvolvimento da economia cearense.

→ Acesse o estudo completo aqui.

Comparado a outros setores da economia no estado, o retorno de R$3,10 situa o audiovisual em posição de destaque. No mesmo apurado de 2019, esse valor é superior, por exemplo, ao setor de Agricultura (que rende o retorno de R$ 2,05) e se aproxima de outras áreas como confecção de artefatos do Vestuário e Acessórios (com R$ 3,51) e Construção (com R$ 3,24).

O estudo foi divulgado no último dia 3 de setembro, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), durante audiência sobre a implantação da “Ceará Filmes”. O encontro reuniu diferentes representações do Poder Público, Organizações Sociais, profissionais e associações da área.

Audiência pública sobre a implantação da “Ceará Filmes” Foto: Lucas Calisto

A pesquisa divulgada é parte de uma série de ações e interlocuções protagonizadas pela Secult Ceará, por meio da Coordenadoria de Cinema e Audiovisual (CCAVI), nos últimos anos. Esta dinâmica inclui agenda de reuniões com o setor, criação de Grupo de Trabalho, realização do “Seminário Ceará Filmes” e contratação de consultoria externa especializada.

A secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, destacou a relevância do inédito estudo. “Na área da Cultura, os dados contribuem para entendermos nosso campo e desenhar melhor nossas políticas. Em que elos da cadeia esse fomento tem que se dar. Quais estratégias. Quais são as metas, as responsabilidades do setor na construção das carreiras e estruturação do setor”.

Mercado de trabalho

A pesquisa traça um diagnóstico abrangente dos benefícios econômicos, o valor da produção, o valor adicionado (PIB), os salários pagos, os impostos arrecadados e o número de empregos gerados. Reúne também informações sobre o perfil socioeconômico das trabalhadoras e trabalhadores da área.

Das 12.796 ocupações observadas durante o estudo, 64% são empregos formais e 36% informais.

→ 64% dos trabalhadores do audiovisual possuem ensino superior completo.

Outro dado aponta que 62% destes profissionais se autodeclaram pretos, pardos e indígenas.

Já o perfil ocupacional revelou predominância masculina (74%).

Geração de empregos

A indústria audiovisual impulsiona uma vasta cadeia econômica. Diretamente, gera renda por meio da venda e licenciamento de conteúdos, bilheteria e assinatura de serviços. Cria empregos em áreas como direção, atuação, edição, som, efeitos visuais, figurino, produção executiva, design de jogos e administração cultural.

Indiretamente, estimula setores que fornecem bens e serviços essenciais. São áreas que formam a base da infraestrutura necessária para que a cadeia audiovisual funcione plenamente. “Para cada R$ 1 milhão investido em audiovisual, criam-se 31,4 novas ocupações”, afirma o trabalho da Fipe.

Programa Directors’ Factory Ceará Brasil no 35º Cine Ceará  Foto: Luiz Alves 

“O setor de audiovisual, dado o nosso resultado, é muito relevante para aqueles setores considerados não transacionáveis, como, por exemplo, comércio local, setor de alimentação, o setor de hospedagem, transporte, aluguel de equipamentos, que depende justamente dessa proximidade geográfica”, destacou o pesquisador Fernando Perobelli, da Fipe.

A força do setor audiovisual

O setor audiovisual abrange desde a produção de conteúdos originais (filmes, séries, animações, jogos eletrônicos e vídeos para plataformas digitais) até a circulação dessas obras em mercados locais e internacionais.

Estas obras estão nas salas de cinema do Brasil e do mundo. São exibidas nas plataformas de streaming sob demanda. Há espaço também nas emissoras de televisão, bem como mostras independentes, centros culturais e festivais temáticos. Além disso, o campo audiovisual incorpora cada vez mais os jogos digitais como vertente expressiva do setor.

Audiovisual também traz inovação. A demanda constante por novas formas de contar histórias estimula o desenvolvimento de tecnologias, ferramentas de edição e desenvolvimento de programas (softwares). “É um setor onde criatividade e engenharia caminham juntas, abrindo espaço para startups e laboratórios experimentais”, completa o estudo.