Secult promove Julho das Mulheridades Negras e dá voz a lideranças que movimentam os Pontos de Cultura no estado

25 de julho de 2025 - 18:37

Ação celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Reunião do Comitê Impulsor Cariri, para Marcha Nacional das Mulheres Negras 

Destacar o protagonismo das mulheres negras nos territórios e promover a contribuição e dinâmica social dos Pontos de Cultura que atuam em nosso estado. Com esse objetivo, a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), a partir da Coordenadoria de Diversidade, Acessibilidade e Cidadania Cultural (Codac), realiza a campanha “Julho das Mulheridades Negras”.

Esta ação destaca a força, memória, criatividade e atuação destas lideranças. Reforça o papel histórico do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho. É também uma celebração ao Dia Nacional de Tereza de Benguela, símbolo de resistência da luta negra no Brasil.

O Julho das Mulheridades Negras reconhece as trajetórias de quem transforma seus territórios por meio da cultura, educação, ancestralidade e da construção coletiva de novos futuros. Espaços reconhecidos pela Política Nacional de Cultura Viva, os Pontos de Cultura são responsáveis por ampliar a cidadania e valorizar a diversidade cultural que marca cada um destes territórios.

Do Cariri ao Sertão Central, passando pela capital e o litoral, as inúmeras vozes que compõem a campanha revelam diferentes experiências de atuação política, comunitária, religiosa, educativa e artística.

Mulheres como Lúcia Maria da Silva, do Ponto de Cultura Negritudes: Africanidade é a nossa marca, falam sobre o orgulho de contribuir para o reconhecimento de comunidades quilombolas e para a difusão dos saberes negros nas escolas e nos bairros.

“Nós podemos escolher e temos competência para escolher o lugar social que queremos ocupar. Este lugar é conquistado com muita luta, resiliência, persistência, oportunidade, possibilidades, orgulho e, acima de tudo, reconhecendo e honrando a luta que nossos ancestrais nos deixaram. As lutas já foram muitas, vitórias também, uma das últimas foi a conquista do nosso Ponto de Cultura, emitido pela Secult Ceará, onde venho realizando trabalhos culturais, pesquisas, contribuindo com o reconhecimento e a certificação da comunidade de Santa Terezinha em comunidade quilombola”, destaca Lúcia Maria da Silva.

Diretamente da região Sul do Ceará, Janayna Leite Silva situa o trabalho do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC). Fundada em 2001, a entidade sem fins lucrativos atua há 25 anos em Quilombos, comunidades negras rurais e periferias na busca por políticas públicas de melhoria nas condições de vida e moradia.

“Estou na presidência do GRUNEC, coletivo que atua na região do Cariri há 25 anos. Hoje somos um grupo formado por três núcleos: o Terreiro das Pretas, o projeto Oliveiras e o Eduquerer. Hoje parabenizamos todas as mulheres negras do nosso estado pela sua atuação política e pela sua luta por vida e dignidade”, reforça Janayna Leite Silva.

Lugares de escuta e acolhimento

A partir do “Julho das Mulheridades Negras”, a Secult Ceará evidencia o trabalho do Coletivo Ajeum de Oyá. Idealizado por Pérola de Oyá, este Ponto de Cultura desenvolve a resistência e fortalecimento das redes pretas em Fortaleza.

“Com o tempo senti falta de espaços pretos em Fortaleza, não me sentia representada, então surgiu a ideia de abrir o Ajeum de Oyá. Neste espaço, recebemos todo o povo preto, acolhemos todo mundo. Há algum tempo fomos contemplados como Ponto de Cultura, o que fortaleceu nosso coletivo”, compartilha Pérola de Oyá.

Ainda na capital cearense, encontramos também a contribuição do Ponto de Cultura Coletivo Fora da Métrica. Segundo a liderança deste espaço, Fran Kieza, a missão é construir caminhos cada vez mais urgentes no momento contemporâneo.

“Trabalhar com cultura, para mim, é também cuidar da memória, da autoestima e do futuro cultural da juventude preta. É sobre disputar narrativas, criar alternativas e abrir caminhos para que mais de nós caminhem com dignidade e reconhecimento”, destaca Fran Kieza, do Ponto de Cultura Coletivo Fora da Métrica.

O Julho das Mulheridades Negras é parte do compromisso da Secult Ceará em promover uma política cultural antirracista, interseccional e comprometida com a equidade de gênero. A presença e a voz das mulheres negras nos Pontos de Cultura demonstram a potência dessas redes vivas e a urgência de garantir visibilidade e apoio às suas iniciativas.

Referências de política cultural

Os Pontos de Cultura se tornaram uma referência de política cultural dentro e fora do Brasil, tendo sido adotados em vários países da América Latina, como Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Costa Rica. No Ceará não é diferente: a Rede Estadual Cultura Viva do Ceará é composta por 240 pontos.

Para fortalecer essa política, foi sancionada a Lei N.º 16.602, de 5 de julho de 2018, que institui a Política Estadual Cultura Viva, cujo objetivo é promover a produção e difusão da cultura e o acesso aos direitos culturais à população cearense, sendo uma política de base comunitária, territorial e ou temático-indentitária, do Sistema Estadual de Cultura do Estado do Ceará.