“Bienal das Bienais” consagra a força do livro e da leitura e encerra maior edição do evento em números
14 de abril de 2025 - 11:02 #Eventos Estruturantes #XV Bienal Internacional do Livro do Ceará
Com mais de 450 mil visitantes, recorde de vendas e programação plural com mais de 600 atividades, a XV Bienal Internacional do Livro do Ceará celebrou a leitura como ferramenta de transformação e homenageou a resistência feminina na literatura(Fotos: Lucas Calisto)
Em um tempo em que o estímulo à leitura se torna cada vez mais necessário e desafiador, a XV Bienal Internacional do Livro do Ceará cumpriu, com brilho, o papel de celebrar a literatura, formar novos leitores e reafirmar o poder transformador dos livros. Em 2025, o evento atingiu marcos históricos e emocionou o público com uma programação potente, diversa e democrática.
Ao encerrar sua edição neste domingo, 13 de abril — data que celebra os 299 anos da cidade de Fortaleza —, a agora considerada “a Bienal das Bienais” se consagrou com números recordes comparados com os das demais edições, alcançando um público visitante acima dos 450 mil visitantes em dez dias de atividades. Somente o programa de Visitação Escolar foi responsável por levar mais de 40 mil estudantes ao evento, oriundos de 736 instituições públicas e privadas. Além da expressiva presença de público, a Bienal também registrou um recorde de movimentação financeira, ultrapassando os R$ 13 milhões em vendas.
Durante a solenidade de encerramento, a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, celebrou o sucesso da Bienal e destacou seu papel estratégico na política cultural do estado. “A Bienal Internacional do Livro do Ceará encerra um capítulo importante da sua trajetória ao se consagrar como um dos maiores eventos de literatura do Brasil. Foram dez dias de intensa movimentação que atraiu milhares de pessoas, vivenciando lançamentos, debates, oficinas, shows e encontros. A Bienal é a grande festa do livro e, por meio dela, seguimos ampliando a representatividade junto ao público, fortalecendo a leitura como instrumento essencial para a promoção da educação, o incentivo à indústria editorial, o exercício da cidadania e a valorização da pluralidade de vozes no país”, disse Luisa Cela, sob aplausos da plateia presente à Arena Henriqueta Galeno.
Ao longo de dez dias, a Bienal do Livro ocupou os três pavimentos do Pavilhão Oeste do Centro de Eventos do Ceará com atividades nos três turnos. A feira de livros, montada no pavilhão Térreo, contou com mais de 100 mil títulos à disposição, reunindo cerca de 200 toneladas de livros em 188 estandes, com a presença de editoras, distribuidoras, livrarias e autores independentes de todo o país. As ações educativas, culturais e literárias ocuparam todos os espaços da Bienal, com intensa participação de escolas públicas e privadas, bibliotecas comunitárias, famílias e leitores de todas as idades.
Encerramento em grande estilo e com uma celebração da cultura
Cortejo musical da Caravana Cultural (Foto: Lucas Calisto)
A cerimônia de encerramento teve início às 16 horas com um cortejo musical da Caravana Cultural , que saiu do Café Literário e cruzou toda a parte da feira de livros, em direção à Arena Henriqueta Galeno. Após encerrar sua apresentação deixando a plateia encantada com os batuques, a solenidade teve início, com as presenças no palco da secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela; do secretário executivo da Cultura, Rafael Felismino; da secretária Executiva de Planejamento e Gestão Interna da Cultura, Gecíola Fonseca; da coordenadora geral da Bienal, Maura Isidório; da superintendente da Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE), Suzete Nunes; da diretora da BECE, Enide Vidal; da diretora do Sistema Estadual de Bibliotecas, Aparecida de Lavor; e das quatro curadoras desta edição, Sarah Diva Ipiranga, nina rizzi, Amara Moira e Trudruá Dorrico.
A coordenadora geral do evento, Maura Isidório, protagonizou um momento carregado de emoção e simbolismo em seu discurso. “Esta edição foi um tributo à força e resistência das mulheres cearenses na cultura e na literatura. Foi uma construção coletiva e corajosa, que reuniu curadoras, artistas, autoras, escolas, bibliotecas e leitores em uma verdadeira ode ao poder das palavras”, declarou Maura. Ela homenageou autoras como Lygia Fagundes Telles e Sued Nunes, agradeceu às equipes técnicas e reforçou a importância da coletividade na realização do evento. “Que o fogo das palavras continue aquecendo corações, iluminando histórias e promovendo a diversidade, a alegria e a luta por mais possibilidades para as mulheres por meio da literatura. Viva o livro, a leitura e a Bienal do Livro do Ceará”, disse.
Coordenadora geral da XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, Maura Isidório (Foto: Lucas Calisto)
“Estas mulheres maravilhosas e estes homens maravilhosos, todos vocês aqui, neste momento especial, é algo tão transformador, um instante de tamanha aprendizagem que só posso expressar uma imensa gratidão a cada um de vocês. E digo, até a próxima vez”, declarou a curadora Sarah Diva Ipiranga, visivelmente emocionada.
A curadora Amara Moira também compartilhou sua percepção sobre a potência da Bienal. “Pude testemunhar uma das coisas mais bonitas desta edição, que foi a capacidade de reunir tantos públicos aparentemente distintos. As trocas, as mesas, mas também tudo aquilo que aconteceu fora do palco e no caminho, no camarim, no almoço, na van, na volta para o hotel. Os encontros proporcionados por esta Bienal foram simplesmente incríveis”, afirmou.
Com sensibilidade e força poética, Trudruá Dorrico iniciou sua fala citando um poema de Graça Graúna: “Ao escrever, dou conta da ancestralidade, do caminho de volta, do meu lugar no mundo”. E completou. “Nós, indígenas, estamos escrevendo para dar conta dessas ancestralidades indígenas que existem não só no Ceará, mas também em todo o Brasil. Escrevemos para demarcar o nosso espaço na literatura e na cultura brasileira. Por isso, quero agradecer, de todo o coração, ao povo que veio e participou desta Bienal”.
Encerrando as falas da curadoria, nina rizzi expressou sua alegria e emoção por fazer parte da construção do evento. “Estou profundamente agradecida por ter colaborado com esta Bienal, que, sem dúvidas, foi uma das mais lindas e um dos eventos literários mais importantes deste país. É uma imensa alegria ver aqui tantos povos diferentes, tantas pessoas diversas, tantas mulheridades, pensamentos plurais. Tivemos mesas sobre sexualidade, trabalho, tradução, poesia, escrita de testemunho, biografia, sobre tantas coisas que compõem nossas múltiplas existências. Estou muito feliz por estar aqui”, finalizou.
Secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela (Foto: Lucas Calisto)
A secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, reforçou em sua fala o papel estratégico da Bienal dentro das políticas culturais do Estado. “A Bienal não pode se encerrar em si mesmo, ela é fruto de uma política pública focada no fortalecimento dos livros, da leitura, da literatura, da biblioteca. E ela precisa ser impulsionadora desse campo também. Então, se não fosse assim, não faria sentido fazer um evento dessa proporção. Então, reafirmamos o compromisso do Governador Elmano de Freitas e do Governo do Estado do Ceará com a política pública de cultura”, destacou Luisa Cela. A secretária também agradeceu a presença do público e o trabalho de toda a equipe técnica responsável por organizar o evento.
O encerramento contou ainda com o encontro “Linhas de vida: do eu ao outro”, uma conversa reunindo dois dos maiores expoentes da literatura brasileira, que são cearenses, os escritores Ana Miranda e Lira Neto, em um momento onde o fazer literário e o amor pela leitura se sobressaíram. A mediação foi da professora Aíla Sampaio. Ao final, os presentes se deliciaram com um espetáculo musical emocionante, “Mulheres cantam a Massafeira”, que celebrou o conhecido movimento que agitou a cena musical cearense no final dos anos 1970. No palco, as vozes e os talentos de Mona Gadelha, Alice David, Marta Aurélia e Claudine Albuquerque.
Show “Mulheres cantam a Massafeira” (Foto: Lucas Calisto)
A programação do último dia também foi marcada por mesas de debate, contação de histórias, sessões de autógrafos e homenagens à cidade. Um dos destaques foi a presença do ex-jogador Cafu, que lançou sua biografia “A Saga de Cafu: O Grande Sonho”, acompanhado da autora e esposa Mariah Morais.
XV Bienal Internacional do Livro do Ceará
A Bienal Internacional do Livro do Ceará é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento conta com o patrocínio do Banco do Nordeste, Rede Itaú, Cagece e Cegás.
Serviço:
Bienal Internacional do Livro do Ceará
Quando: 4 a 13 de abril, das 9h às 22h
Onde: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito e aberto ao público
Programação no site: https://bienaldolivro.cultura.ce.gov.br