Autores cearenses lançam livros no segundo dia de Bienal do Livro
5 de abril de 2025 - 20:30 #Eventos Estruturantes #Literatura cearense #XV Bienal Internacional do Livro do Ceará
Poesia, memória, história e literatura do Ceará estão entre os temas de 12 publicações de escritores cearenses lançadas neste sábado (5) na Bienal, com direito a autógrafos e conversa com o público.
Poeta de Tauá – Paulo de Tarso (Foto: Beto Skeff)
Os escritores cearenses tiveram um lugar de destaque na programação deste sábado da XV Bienal Internacional do Livro do Ceará. Foi uma verdadeira maratona de lançamento de livros, que reuniu 12 autores cearenses, além de uma pernambucana e uma paraibana.
A apresentação dos livros teve participação dos escritores e rodadas de autógrafo em diferentes espaços da feira. Neste ano, a Bienal conta com 188 estandes destinados à exposição e venda de livros, com representações internacionais e institucionais. São esperados mais de 400 mil visitantes ao longo de 10 dias.
O percurso de lançamentos literários começou ainda pela manhã, às 11h, na Praça do Cordel, com o “Dicionário de Rimas e Palavras Afins”, de Lucarocas. O autor fortalezense tem mais de 300 folhetos de cordel no currículo e mais de 40 anos de experiência com a poesia e a cultura sertaneja. A ideia do livro, explica, é auxiliar autores menos experientes a tratar do sertão em seus versos. A obra inclui um glossário de termos recorrentes no falar interiorano e suas possíveis rimas.
Às 14h30, o poeta de Tauá, Paulo de Tarso, lançou os cordeis “Amor de Carla e Carlindo”, “Pequena História do Cordel” e “O Encontro de Morais Moreira com Dodô e Osmar no Céu”. O cordel e a poesia popular foram temas ainda de três livros lançados ao longo da tarde: “Belchior, a construção de um mito na literatura de cordel”, do jornalista Alberto Perdigão e “Coração Saudosiano”, da paraibana Kelly Rosa, em coautoria com Haidée Camelo, ambos na Praça do Cordel; e “Cordéis Reunidos e Outros Escritos”, livro da pernambucana, radicada no Ceará, Paola Tôrres, lançado às 18h, na Arena Bece.
Vozes femininas
Ao longo da tarde, as atenções se voltaram para duas obras de autoras cearenses no Espaço Natércia Campos, da Secretaria da Cultura do Ceará. Às 15 horas, a escritora e professora de letras Araceli Sobreira lançou “A mulher do Beija-flor”, uma coletânea de contos que exploram as agruras e delicadezas do universo feminino. O livro reúne histórias de mulheres reais presenciadas por Araceli, entre pesquisas e memórias familiares. “A gente tem que gritar para que estas mulheres tenham voz”, protesta a escritora, que encheu o pequeno auditório com público 99,9% de leitoras. “Gosto das poesias e contos, porque me enxergo nas palavras dela. Parece que fui eu que escrevi ou que foi feito para mim”, justifica Valeska Menezes Landim, que já leu várias obras da autora.
Em seguida, às 17h, foi a vez da antropóloga e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Glória Diógenes, que lançou seu terceiro livro de viés literário. Em “Sangue no olho d’água”, a escritora parte de suas memórias para dar vida literária à personagem Maria.
Ceará
Quatro obras acadêmicas encerraram o dia de lançamentos, às 19h, na Sala Carolina Maria de Jesus. Os livros foram editados pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Sobre o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp), da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). A história da ditadura civil-militar no Ceará é tema de dois lançamentos. A coletânea “A ditadura no Ceará: um balanço historiográfico (1964-2024)” tem organização de Ana Rita Fonteles, Valderiza Menezes e Thiago Silva, reunindo 15 artigos de diversos autores. O livro busca debater os impactos da ditadura, abordando diferentes aspectos do regime militar, desde a luta estudantil, a perseguição às prostitutas e a participação feminina na luta pela anistia.
Em “Explosões conservadoras: atentados de extrema-direita na abertura da ditadura civil-militar (1980-1982)”, o escritor Airton de Farias mergulha no chamado período de abertura do regime, para mostrar, através do noticiário da época, como agiam os grupos mais extremados da direita.
A história do Estado é tema ainda da segunda edição da obra “Literatura no Ceará”, de Aila Sampaio, pesquisadora e professora da Universidade de Fortaleza. A autora faz um extenso apanhado histórico sobre a produção literária cearense, começando com os movimentos do Oiteiros, no início do século XIX, passando por vanguardas como a Padaria Espiritual e o Grupo Clã. O livro aborda também uma história mais recente do campo literário cearense, em especial, dos anos 1980 até a atualidade.
Completando os lançamentos do Inesp, o livro “Fortaleza Escrita na Praça” tem organização de Ana Márcia Diógenes, Emanoelly Soares e Cris Rosa. O livro nasce da provocação de 17 escritoras para que escolhessem praças de Fortaleza e criassem histórias a partir destes espaços.
A Bienal é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento conta com o patrocínio do Banco do Nordeste, Rede Itaú, Cagece e Cegás.
Serviço
Bienal Internacional do Livro do Ceará
Quando: 4 a 13 de abril, das 9h às 22h
Onde: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito e aberto ao público