Russo Passapusso comenta experiência de tutoria no Laboratório de Música: ‘Você ensina aprendendo e aprende ensinando’
15 de outubro de 2024 - 12:49 #Escola Porto Iracema das Artes #Laboratórios de Criação #Rece #Tutoria
Nome consolidado na cena musical brasileira, Russo Passapusso faz parte do time de tutores da 12ª edição dos Laboratórios de Criação, iniciativa da Escola Porto Iracema das Artes – Escola de Formação e Criação do Ceará, que integra a Rede Pública de Equipamentos da Secretaria de Cultura do Estado (Rece), gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM). O artista esteve na instituição na última semana para dar início ao processo de mentoria.
Tutor do Laboratório de Música, Russo orienta o desenvolvimento do EP “Carnaval do Futuro” (nome provisório), do grupo Pira Coletiva. O trabalho pretende unir elementos do rock e da MPB como forma de enaltecer a cultura nacional e romper preconceitos ainda existentes entre os gêneros.
Para conhecer melhor o projeto, o vocalista do BaianaSystem se reuniu presencialmente, ao longo de três dias, com a banda cearense formada por Francisco Wellington de Sousa Junior, Lucas Montalto Farias da Silva e Tiago Costa Da Silva Coelho.
Durante os encontros, os músicos partilharam histórias e vivências. O momento de troca, segundo o tutor, ajudou na construção das composições do EP: “Esse processo [de composição] tem sido realizado através de conversas e memórias afetivas […] Não é a composição pela composição. Não é um banquinho, um violão, não é essa relação. É uma relação de troca ali, para entender a música como uma linguagem de vida”, comenta o músico.
Apesar de participar do projeto como orientador, Russo afirma também estar aprendendo com a tutoria, descrevendo-a como um processo em que “você ensina aprendendo e aprende ensinando”.
“Para mim, a experiência é maravilhosa. Eu tenho aprendido muito com esse processo. Fortaleza me dá essa oportunidade de aprender com as histórias, com as pessoas, com os movimentos, com essa comunicação cidade-escola. […] A música é uma consequência da relação com a cidade quando você vem fazer um trabalho dentro da Escola, porque sai de lá, vem para cá e volta para lá”, conta ele, destacando a importância de entender a ligação existente entre a cidade, os artistas e a Escola para ajudar no desenvolvimento do disco.
Experiência anterior nos Laboratórios de Criação
A participação de Passapusso na produção do EP “Carnaval do Futuro” não é o primeiro contato do músico com os Laboratórios de Criação. Em 2021, também por meio do Laboratório de Música, o artista orientou o projeto “O Cheiro do Queijo”, do trio Abu da Pereba, Bito Beat e Morcego.
Explorando a relação entre o rap, o circo e a rua, a experiência apresentou a história e a cultura local ao cantor baiano, o que acabou ajudando-o na nova mentoria.
“O fato de eu ter feito um projeto como o ‘Cheiro do Queijo’ já me deixou entendendo ‘qual é a da cidade’. [É importante saber disso] porque, quando você faz algo musical com pessoas da cidade, que fazem suas [próprias] composições, geralmente elas falam sobre aquele lugar. Então, a gente tem que saber um pouco do lugar para se comunicar com essas pessoas”, diz Russo.
Por fim, Passapusso afirma ver semelhança entre “Carnaval do Futuro” e “O Cheiro do Queijo”, já que, apesar de possuírem gêneros e propostas diferentes, ambos são resultados da luta pela vontade de viver de arte.
“Todo mundo está na mesma luta de fazer música e viver de música. Cada um com seus problemas, com seus lugares, com suas histórias e tentando fazer música. Pra mim, estamos dando um grito pela música, pela necessidade de conseguir viver de música”, finaliza ele.