Com parceria do Projeto Abarca, Curso Nacional de Sanfona do MST conclui segunda etapa presencial no Ceará
30 de agosto de 2024 - 12:05 #Curso de Sanfonas #Sanfona
Estudantes de 14 estados brasileiros se dedicam a aprender e compartilhar a tradição do popular instrumento em seus territórios
A tradição musical da sanfona segue viva com o Curso Nacional de Sanfona do MST. Essa iniciativa busca formar novos sanfoneiros e sanfoneiros, contribuindo para uma nova geração de multiplicadores dessa arte. A segunda etapa da formação foi concluída na última sexta-feira (23), com apresentação musical da turma Marinês.
Reunindo estudantes de inúmeras regiões do Brasil, o curso acontece por meio de aulas à distância e três imersões presenciais. Em janeiro, a primeira etapa realizada em Fortaleza abordou os primeiros fundamentos da sanfona. Nos meses seguintes, as aulas prosseguiram no modelo remoto.
Agora, o Curso Nacional de Sanfona do MST comemora a conclusão de sua segunda fase presencial. De 13 a 23 de agosto, no Centro de Formação Frei Humberto, na capital cearense, cada participante aprofundou os estudos no universo do instrumento. Esta etapa contou com 22 participantes, oriundos de 14 estados brasileiros.
Inédita no País, a formação conta com parceria entre a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará) — por meio da Escola Porto Iracema das Artes, espaço cultural gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM) — e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O curso acontece no âmbito do projeto aBarca. Política pública da Secult Ceará, desenvolvida por meio da Porto Iracema das Artes, o projeto regionaliza investimentos na cultura com foco na capacitação de jovens. Desde 2017, a iniciativa promove a expansão de atividades de ensino básico em artes.
A secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, ressaltou o trabalho formativo que valoriza a cultura em torno de um instrumento tão simbólico dos nordestinos e do povo cearense. Uma oportunidade que ilumina a atuação do projeto aBarca no estado. “Foi muito bonito ver a desenvoltura da turma da primeira para esta segunda etapa. Estamos muito felizes com essa parceria”, reforça a secretaria Luisa Cela.
Espalhar a arte da sanfona
A partir da Porto Iracema das Artes, o aBarca atende o público em situação de vulnerabilidade social, residente nos municípios de Fortaleza (Bairros Vicente Pinzón e Curió), Caucaia, Maranguape, Maracanaú, Itapipoca, Sobral, Quixadá, Iguatu, Crato e Juazeiro do Norte.
O Curso Nacional de Sanfona do MST estabelece o intercâmbio de saberes, culturas e vivências entre alunos e alunas de várias regiões. Uma constante troca com mestres do instrumento, como o compositor, músico e sanfoneiro cearense, Nonato Lima. O professor, durante o concerto musical que concluiu a segunda etapa, falou como a música pode ser um processo transformador.
“Vocês fazem toda a diferença. Fico feliz pela oportunidade desse momento, no qual vocês aprendem um instrumento tão desafiador. Tem a questão do peso da sanfona, a exaustão do movimento. Nem todo mundo tem a oportunidade que vocês estão tendo. Valorizem isso. Levem à frente”, defendeu Nonato Lima.
Educar pela sanfona
Durante o concerto que concluiu a segunda etapa, a turma Marinês (cujo nome é uma homenagem à memória de uma das grandes vozes femininas da cultura nordestina) apresentou clássicos como Pé de Serra (Luiz Gonzaga) e “Sanfona Sentida” (Dominguinhos).
Caçula da turma, Suzane Santos (16) quer levar o conhecimento na sanfona para sua comunidade. Sou cantora, mas não tive acesso a aprender um instrumento. Hoje, com o estudo da sanfona, só vejo melhoras. Posso criar uma música. Tudo isso ajuda. Fico muito feliz, é muito gratificante. Minha terra também fica feliz, sabendo que uma sanfoneira jovem está se formando. É lindo demais”
O projeto não para por aqui. Durante os próximos três meses, o curso ocorrerá em formato remoto. Após este segundo ciclo formativo, o grupo formado por assentados e assentadas da reforma agrária se reunirá novamente para uma nova etapa presencial. A terceira fase tem previsão para acontecer em fevereiro de 2025.
Militante do Coletivo de Cultura do MST e coordenador de cultura popular e regionalização da Secretaria da Cultura da Bahia, o professor Raumir Souza detalha a importância desta segunda etapa.
“Temos inúmeros desafios ainda, mas foi gratificante ver a turma apresentar várias canções e se desafiar. Entendemos que será ótimo construir a terceira etapa e defendemos que cada artista participante possa ser um multiplicador desse conhecimento e espalhar em seus estados”.
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