Museu de Arte Contemporânea do Ceará abre duas mostras gratuitas nesta quarta-feira (22)

21 de dezembro de 2021 - 12:03 # #

Ascom Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

“Quilombo Cearense”, de Guilherme Marcondes, e “Poço 115: Rastros na Cidade”, de Felipe Camilo e Álvaro Graça Júnior, exposições que abordam a preservação da memória e a resistência à invisibilização.

Encerrando o ciclo expositivo deste ano, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC Dragão), equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará que integra o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar, abre duas novas exposições, nesta quarta-feira (22), a partir das 9h30: “Quilombo Cearense”, que tem curadoria de Guilherme Marcondes e conta com a assistência técnica de Maíra Abreu e Hailla Krulicoski, e “Poço 115: Rastros na Cidade”, com curadoria e pesquisa de Felipe Camilo e Álvaro Graça Júnior. A visitação às mostras é gratuita, mediante apresentação do passaporte sanitário que comprova o ciclo vacinal completo do portador há pelo menos 15 dias, acompanhado do documento de identificação com foto. O uso de máscara também é obrigatório, conforme protocolos alinhados às orientações do Governo do Ceará por meio do decreto estadual vigente.

As exposições permanecerão em cartaz até março de 2022, podendo ser visitadas de quarta a domingo, das 9h30 às 12h30 (acesso até as 12h) e das 14h30 às 17h30 (acesso até as 17h), exceto nos dias 24, 25, 26 e 31 de dezembro de 2021 e nos dias 01 e 02 de janeiro de 2022, em virtude do recesso entre o Natal e o Ano Novo.

De acordo com Cecília Bedê, gestora do MAC Dragão, os projetos destacam a relevância de um diálogo mais estreito entre o Museu, a comunidade acadêmica e a sociedade. O resultado dessa combinação foram dois potentes recortes artísticos que cumprem ainda o papel de sensibilizar os visitantes do Museu para questões sociais que nos são tão caras e que concorrem para uma maior aproximação com o entorno do Museu.

Quilombo Cearense

Ocupando os pisos inferior e superior do Museu, “Quilombo Cearense” reúne obras do acervo do MAC Dragão e de artistas convidadas que, a partir deste recorte, lançam luz sobre o processo de construção da memória artística de artistas não-brancos que compõem o acervo do Museu. Desde 2018, na sua pesquisa de pós-doutorado (PNPD/CAPES) no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual do Ceará (PPGS/UECE), Marcondes vem investigando qual é o papel da racialidade e do gênero no processo de legitimação de artistas negros da arte contemporânea. Como desdobramento desta pesquisa, em 2019 o curador passou a analisar a presença de pessoas não-brancas no acervo do MAC Dragão. Partindo da ideia que os museus são locais privilegiados de preservação da memória, segundo Marcondes, cabe investigar que memória é essa que vem sendo perpetuada, de quem é essa memória e pra quem e como ela está sendo apresentada. A partir do levantamento baseado na autodeclaração dos artistas e nas informações coletadas em bancos de dados como a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, no caso de artistas já falecidos, o pesquisador definiu um recorte de 27 artistas autodeclarados não-brancos, indígenas, afroindígenas e orientais. Maíra Ortins, Francisco Bandeira, Linga Acácio, Felipe Barbosa, Siegbert Franklin, Jarvis Quintero, Manfredo Souzanetto, Caetano Dias, Efrain Almeida, Herbert Rolim, Simone Barreto, Diego de Santos, Tomie Ohtake, Bosco Lisboa, Thiago Martins de Melo, José Carlos Viana, Marcelo Gandhi, Francisco de Almeida e Rafael Limaverde, do Acervo MAC Dragão, Antônio Bandeira, Aldemir Martins, Chico da Silva e Raimundo Cela, com obras do acervo da Secult Ceará, e as convidadas Maria Macêdo, Maria Cecília Felix Calaça e Terroristas del Amor somam mais de 50 obras, entre séries e individuais, entre pinturas, instalações, esculturas, desenhos, gravuras, aquarelas e outros.

“A exposição Quilombo Cearense convida o público a debater acerca da representação e da representatividade da população negra, indígena e não-branca nas historiografias da arte cearense e nacional, com o objetivo de substituir a constante invisibilidade a que pessoas negras, indígenas e não-brancas são relegadas na estrutura social brasileira”, afirma Marcondes.

Poço 115: Rastros na Cidade

Também fruto da tese acadêmica de Felipe Camilo, intitulada “Comunidade Visível: Narradores de Imagens e Memórias do Poço da Draga”, “Poço 115: Rastros na Cidade” é uma exposição coletiva que ocupa simultaneamente o piso inferior do MAC Dragão e a ONG Velaumar, no Poço da Draga, integrada por Alana Brandão Moura, Álvaro Graça (Alvinho), Álvaro Graça Júnior, Dayane Araújo, Felipe Camilo, Ivoneide Gois, Izabel Cristina Lima, Samuel Tomé e Sérgio Rocha. A exposição reúne fotografias dos acervos de diversas famílias da centenária comunidade do Poço da Draga – e versa sobre a relação da cidade com a praia, sobre o futebol amador, sobre infância, velhice e sobre lutas das populações litorâneas por permanência em seu território. Ao serem compartilhadas, as imagens cotidianas da vida na comunidade contribuem para a construção de um sentimento de pertencimento e para a conservação da ancestralidade de populações que, sendo majoritariamente pobres, negras, descendentes de pescadores e portuários da cidade de Fortaleza, são historicamente marginalizadas. O recorte mostra como, entre álbuns e registros de celulares, essa comunidade vai preservando memórias e afetos, resistindo ao apagamento e fazendo-se visível.

A Mostra é fruto de parceria entre o MAC Dragão, a ONG Velaumar, o Laboratório das Artes e das Juventudes (Lajus) e o Grupo de Estudos e Pesquisas Rastros Urbanos da Universidade Federal do Ceará (UFC), com apoio do IFoto.

Programação de abertura

Após a visitação aberta na manhã de quarta (22), a partir das 16h30, os curadores Felipe Camilo e Guilherme Marcondes estarão presentes para recepcionar o público no MAC Dragão. Às 17h, Sérgio Rocha, geógrafo e morador da comunidade Poço da Draga, conduzirá o “Expresso da Draga”, uma visita guiada que levará o público do MAC Dragão a pontos históricos no Poço da Draga, passando pelo polo expositivo da ONG Velaumar. Em seguida, às 18h, será exibido o documentário “Resenha do Brasileirinho”, de Álvaro Graça Jr. e Felipe Camilo, na calçada das latas d’água no Poço da Draga, nas proximidades do Pavilhão Atlântico.

Serviço: Abertura das exposições “Quilombo Cearense” e “Poço 115: Rastros na Cidade”
Data: 22 de dezembro de 2021 (quarta-feira)
Horário: a partir das 9h30
Local: Museu de Arte Contemporânea do Ceará (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
Acesso gratuito mediante apresentação de passaporte vacinal